Psicologia - Educação Inclusiva
Deficiência Visual: aspectos evolutivos e educacionais
Deficiência Visual: aspectos evolutivos e educacionais
GONZÁLEZ, Eugenio e cols. Necessidades educacionais específicas. Intervenção Psicoeducacional. Porto Alegre: Artmed, 2007. (Capítulo 5 - Pág. 100 a 118).
Sugestão: filme “Perfume de Mulher”.
O ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL
2.1. Os olhos[1]
Os olhos, órgãos da visão, estão alojados nas cavidades orbitárias, que lhes dão proteção e os mantêm próximos ao sistema nervoso central, de que são verdadeiros prolongamentos exteriorizados. Possuem forma esférica, o que lhes garante maior mobilidade.
O globo ocular é formado por três envoltórios:
Esclera ou esclerótica: membrana mais externa e mais resistente do globo ocular. É o chamado “branco do olho”; sua parte anterior se torna fina, transparente e delicada, formando uma saliência que constitui a córnea – que permite a entrada de luz no olho.
Coroide: é uma membrana intermediária, rica em vasos sanguíneos e pigmentos. Em sua parte anterior, torna-se visível pela transparência da córnea. Tal área recebe o nome de íris – responsável pela cor dos olhos.
No centro da íris há um orifício chamado pupila, conhecido como “menina do olho”, que tem como função controlar a quantidade de luz no globo ocular.
A luz que chega aos olhos sofre refração ao passar pela córnea, pelo humor aquoso, um líquido claro por uma lente gelatinosa (cristalino) e por um líquido bastante viscoso (humor vítreo). Esse conjunto funciona como um sistema de lentes convergentes que formam uma imagem na parte sensível do olho: a retina.
Retina: membrana interna do globo ocular. Ela é composta por neurônios especializados; na parte posterior, apresenta uma pequena depressão, próxima ao nervo ótico, denominada mácula, região mais sensível à luz e por onde as imagens são vistas com maior nitidez. As células fotossensíveis são de dois tipos: cones e bastonetes.
Os cones percebem as radiações luminosas, diferenciando as cores; os bastonetes também percebem as radiações, mas não distinguem as cores – captam imagens mesmo com pouca luz, sendo importantes para a visão na obscuridade.
Estruturas auxiliares do olho:
Pálpebras: são duas pregas móveis, uma superior e outra inferior, que protegem o globo ocular contra impurezas, traumas etc.; ao se fecharem, possibilitam ao globo ocular o descanso, impedindo a entrada de luz; espalham as lágrimas na frente do olho, lubrificando-o. As pálpebras e a esclera são revestidas por uma membrana fina e transparente chamada conjuntiva.
Cílios: são pelos distribuídos nas margens das pálpebras, que protegem o globo ocular de agentes agressores.
Glândulas lacrimais: órgãos responsáveis pela produção de lágrimas. A lágrima facilita o deslizamento das pálpebras, promove a remoção de impurezas e germes, participa da nutrição e oxigenação da córnea.
Sobrancelhas: pêlos dispostos na margem superior de cada órbita, protegendo o globo ocular do suor.
Músculos motores: são os músculos reto superior, reto inferior, reto lateral, reto medial, oblíquo superior e oblíquo inferior que permitem ao globo ocular movimentos em várias direções.
2.2. Mecanismo da visão
Raios de luz refletidos de um objeto entram nos nossos olhos, atravessam as estruturas oculares – a córnea, a pupila, os humores, o cristalino – e chegam ao fundo do olho, até a retina, onde existem células sensíveis à luz.
A imagem transformada em impulsos nervosos é enviada através do nervo ótico ao cérebro. No cérebro, as informações (cor, forma, tamanho e posição) são “interpretadas”, fazendo com que a imagem do objeto em foco seja vista na posição correta.
2.3. Saúde visual
Todo mundo tem alguém na família ou pelo menos conhece alguém que usa óculos. Geralmente, pensa-se logo nos nossos avôs, pois a maioria dos idosos tem dificuldade para enxergar. Entretanto, ao contrário do que se pensa, os problemas de visão ocorrem na infância e na adolescência.
Pesquisas revelam que uma em cada cinco crianças em idade escolar sofre de problemas de visão. Uma criança não tem como comparar se está enxergando bem ou não e dificilmente vai se queixar, o que pode trazer sérios problemas para o aprendizado e a saúde.
Os sintomas podem ser:
· dificuldade de leitura: quando você lê um livro, preste atenção se precisa aproximá-lo dos olhos ou se é necessário afastá-lo. Observe se as letras ficam meio embaçadas, como se tivesse uma nuvem de fumaça sobre seus olhos;
· piscamento: observe se você pisca muitas vezes ao focalizar algum objeto ou durante a leitura;
· sensibilidade exagerada à luz: em ambientes claros, não se consegue abrir os olhos totalmente, os quais, em seguida, começam a lacrimejar;
· terçol frequente: é uma inflamação geralmente localizada nas pálpebras, como se fosse uma espinha grande, deixando a região avermelhada e inchada;
· dores de cabeça: geralmente durante ou após a leitura ou ao assistir à televisão;
· tonteiras: também são frequentes durante a leitura.
2.4. Definição de deficiência visual
A deficiência visual é uma perda na área da visão que pode ser do tipo cegueira – total incapacidade para enxergar – ou do tipo deficiência visual – alterações no sistema visual – e, nesse sentido, o sujeito perde a acuidade visual, a capacidade de distinguir imagens, requerendo a utilização de prótese. Quando um sujeito não tem associado outro tipo de incapacidade, além da falta de visão, irá compensar com outros sentidos, como tato, audição e olfato.
2.5. Classificação
A literatura apresenta duas categorias de problemas visuais: deficiências totais e deficiências parciais.
Deficiências totais
Cegueira ou perda da visão: caracteriza-se pela incapacidade de enxergar. Existem dois tipos de cegueira:
· absoluta: quando o sujeito cego é incapaz de distinguir alguma coisa; em alguns casos, pode reconhecer um pouco de luz, mas é impossível adquirir conhecimentos por meio da vista;
· parcial: quando o sujeito cego pode distinguir luz, sombras e contornos.
Deficiências parciais
Deficiência visual: caracteriza-se por defeitos óticos e ambliopia, problemas de refração no olho, manifestado por visão nebulosa. Entre esses, pode-se citar: miopia, astigmatismo e hipermetropia, que podem ser corrigidos sem dificuldade com pequenas intervenções cirúrgicas ou pelo uso de lentes.
Na ambliopia, existe uma sensibilidade imperfeita na retina, sem lesão orgânica do olho, levando a uma diminuição da visão de dois tipos:
· sujeitos com baixa visão, que, com auxílio de material adequado e especialistas, podem desenvolver uma aprendizagem normal;
· sujeitos limitados visuais, que, com lentes ou aparelhos especiais, podem realizar sua aprendizagem normal.
Deficiências totais
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Deficiências parciais
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Cegueira ou perda da visão
· Absoluta e parcial
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Deficiência visual
· Sujeitos com baixa visão
· Sujeitos limitados visuais
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Distúrbios e anomalias visuais mais comuns
Hipermetropia
Miopia
Astigmatismo
Estrabismo
Heterotropia
Nistagmo
Albinismo
Catarata
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2.6. Causas da deficiência visual
Os problemas visuais podem surgir por interferências na formação de imagens na retina ou na transmissão destas ao cérebro: erros óticos, defeito nos olhos, doenças, síndromes e condições que afetam a visão em maior ou menor extensão.
Sugestão de filmografia:
Perfume de mulher
O milagre de Anne Sullivan
À primeira vista
Dançando no escuro
Ray Charles
O sino de Anya
Janela da alma
No passado, as maiores causas da deficiência visual eram a sífilis, a meningite ou a escarlatina, e medidas como lavar os olhos do recém-nascido e o uso de vacinas conseguiram eliminar a maioria dessas causas. Hoje as infecções intrauterinas, como rubéola e toxoplasmose, junto com malformação no desenvolvimento do aparelho visual do feto são as causas mais comuns de deficiência congênita.
De acordo com González (2007), existem oito grupos diferentes de causas pelas quais um sujeito é cego:
1º grupo: sujeitos cegos que sofreram anomalias congênitas porque a mãe teve alguma doença durante os primeiros meses de gravidez, como rubéola ou toxoplasmose, e sujeitos que apresentam cegueira devido à herança genética.
2º grupo: sujeitos cegos por problemas de refração, como a miopia.
3º grupo:sujeitos cegos que sofreram traumatismo nos olhos durante a prática de esportes, casos de queimadura ou, ainda, acidentes domésticos.
4º grupo: sujeitos cegos por lesões no globo ocular.
5º grupo: sujeitos cegos por lesões no nervo ótico, no quiasma e nos centros corticais.
6º grupo: sujeitos cegos por alterações próximas aos olhos, como pálpebras ou canais lacrimais.
Na metade do século XX, a administração excessiva de oxigênio nas incubadeiras de bebês prematuros levou metade das crianças da época à deficiência visual – essa condição foi chamada de fibroplasia retrolental.
7º grupo: sujeitos cegos por doenças gerais, que podem ser infecciosas, intoxicações ou, ainda, transtornos do tipo endócrino (diabetes, sífilis, glaucoma, ceratite, rubéola).
8º grupo: sujeitos cegos cuja causa é determinada por parasitas.
Os dois principais profissionais mais indicados no diagnóstico dos problemas visuais são o médico oftalmologista, especializado na avaliação e tratamento dos defeitos e doenças dos olhos, e o optometrista, que examina, mede e trata certos defeitos funcionais de visão por meio de métodos que não exigem formação em medicina.
Além disso, os pais e o professor, por meio da observação, podem detectar as deficiências visuais apresentadas pelas crianças, por meio dos seguintes indicadores:
· ter dificuldade para ler o quadro-negro;
· ter dores de cabeça;
· esfregar os olhos;
· apresentar olhos avermelhados e com lágrimas;
· confundir e inverter letras e palavras;
· trocar de linha ao escrever;
· piscar e fazer esforços para ler;
· apresentar incômodos excessivos causados pela luz.
Pesquisadores têm estudado de que maneira as outras funções sensoriais podem ser afetadas pela deficiência visual.
Há um grupo de teóricos que acredita na teoria da compensação sensorial: se uma avenida sensorial, como a visão, é deficiente, os outros sentidos automaticamente são reforçados; por exemplo, parte-se da hipótese de que o deficiente visual tem a capacidade de ouvir melhor e tem mais memória que indivíduos com visão.
No entanto, outros pesquisadores apresentam um ponto de vista alternativo, de que a deficiência numa área de desenvolvimento pode ter um efeito negativo em outras áreas. Isso significa que um defeito funcional em uma área retarda ou perturba o desenvolvimento de outras áreas intactas.
Qual é a sua opinião sobre isso?
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