Psicologia do Camaleão

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domingo, 19 de agosto de 2018

Prof. Luís Claudio Figueiredo - As Escutas da Psicanálise



As Escutas da Psicanálise - Prof. Luís Claudio Figueiredo








Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1974), mestrado em Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (1976), doutorado em Psicologia (Psicologia Experimental) pela Universidade de São Paulo (1979) e Livre Docência em Psicologia pela USP (1992). Atualmente é professor doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor Associado da Universidade de São Paulo (aposentado). Tem experiência na área de Psicologia, atuando principalmente em pesquisas e orientações nos seguintes temas: teorias e práticas psicanalíticas (em especial, Freud, Melanie Klein, Bion e Winnicott), história e epistemologia da psicologia e da psicanálise. (Fonte: Currículo Lattes)

Resumo - Um antropólogo em Marte




Resumo - Um antropólogo em Marte

Pode parecer estranho que eu proponha a leitura desta obra justamente aos profissionais da saúde coletiva. Oliver Sacks não é nem um antropólogo nem um sanitarista. Esse inglês de Londres, residente em Nova York, é um neurologista e professor de neurologia clínica do Albert Einstein College of Medicine. 

Nem o título do livro diz respeito a ele próprio, como poderia parecer, uma vez que desenvolve a pretensão de compreender a lógica interna dos mais diferentes tipos de identidades pessoais de portadores de alguma deficiência neurológica ou cerebral. "Um Antropólogo em Marte" é expressão de uma das mais notáveis autistas, professora e Ph.D. em Ciências Animais, Temple Grandin, entrevistada por Sacks, para se referir aos grupos sociais que a cercam. Segundo ela, a dificuldade de entender as reações, as interações, os sentimentos e expressões dos ditos "normais" são de tal ordem, que ela se vê como uma "Antropóloga em Marte", ou seja, aquilo que nos parece estranho e bizarro em pessoas e grupos "diferentes" também seria estranho e bizarro para eles, em relação a nós. A dificuldade de entendimento é mútua. Comentarei brevemente as sete histórias analisadas por Oliver Sacks antes de partir para uma reflexão que julgo essencial para nós, profissionais da saúde. Caso 1  é a do pintor daltônico Jonathan I., assim transformado por um trauma provocado por acidente de carro, aos 65 anos. Esse trauma lesou a parte do seu cérebro especializada na percepção da cor. Sacks acompanha toda a trajetória de Jonathan, um pintor talentoso que, a partir do acidente, passou a ver o mundo em preto e branco. Registra todo o seu esforço para se adaptar e tirar partido da nova condição. É duplamente intrigante a ocorrência do daltonismo num artista para quem as cores tinham importância primordial, mais admirável, porém, lhe parece a capacidade dele de transformar a "deficiência" crucial de que foi acometido, em realizações talentosas de sua arte e nova visão do mundo. Caso 2Sacks acompanha também a estranha história de Greg, a quem denomina "o último hippie", pela trajetória que começa com o brilho pessoal e a rotina de uma escola para a classe média em Queens, Nova York, passa pela negação da família, a vida alternativa e o uso de drogas no bairro do Village e termina encontrando refúgio num mosteiro Hare Krishna no Brooklyn. A vida religiosa que parecia provocar, no novo monge, iluminação e apaziguamento das inquietudes e mudanças, escondia, no entanto, um sério problema de saúde, detectado por intervenção médica, como tumor cerebral. Encaminhado à cirurgia, Greg escapa da morte mas se torna cego, amnésico e "vazio". Por "vazio", Sacks entende a total incapacidade de Greg reter informações, realizar reflexões, atribuir sentido, expressar emoções ou memorizar fatos e eventos atuais. O autor desenvolve intensas considerações sobre o grande desenvolvimento dos lobos frontais em humanos, sobre o papel dos sonhos, das vigílias e das fantasias. Comenta que Greg parou sua vida nos anos 60, de quando se lembra de conjuntos musicais, times de futebol e linguagem de época. O que mais impressiona, porém, no estudo de Sacks é sua capacidade de perceber em Greg não "um monstro", mas um ser humano capaz de criar a partir de seus sérios problemas de saúde. Como ele observa "ainda que como neurologista, eu tivesse que falar da síndrome de Greg, de seus 'déficits', não sentia que isso fosse adequado para descrevê-lo. Eu sentia que ele tinha se transformado em outro tipo de pessoa; que embora a lesão do lobo frontal tivesse, de certa forma, roubado sua identidade ou personalidade, também lhe deixara um tipo de identidade ou personalidade, ainda que de uma espécie estranha e primitiva" (pág. 74). Caso 3Mais fascinante ainda é a experiência narrada por Sacks com o Dr. Carl Bennett, portador da síndrome de Tourette. Essa síndrome se conhece pelos estranhos grunhidos, crispações, caretas, gestos, blasfêmias e xingamentos involuntários emitidos pelas pessoas que dela sofrem. Sem me deter aqui na sua descrição clínica, prefiro acompanhar o encantamento de Oliver pelo médico-cirurgião Dr. Bennett, morador da pequena cidade americana de Branford, amado e querido por seus clientes e respeitado pelos seus colegas de profissão, no pronto-socorro e no hospital local. Bennett, além de operar com perfeição, sem nunca ter cometido um deslize, dirige carro e pilota um pequeno avião particular. Sua "esquisitisse" lhe conferiu uma identidade e personalidade muito particulares, capazes de se manifestarem absolutamente convencionais durante as atividades profissionais. Os gestos bruscos, os tiques convulsivos, a mímica involuntária, as expressões compulsivas de xingamentos são inteiramente controladas na sala de cirurgia, por exemplo, manifestando-se livremente nos momentos de descontração. Sacks em algum momento de seu estudo menciona que "estamos diante de algo de nível superior à mera repercussão rítmica, quase automática, dos modelos motores. Vemos um ato básico de encarnação ou interpretação, pelo qual, as habilidades, sensibilidades, a totalidade dos traços nêuricos de outro eu (grifo nosso) conquistam o cérebro, redefinem a pessoa, todo o seu sistema nervoso, durante toda a duração de seu desempenho" (pág. 113).Caso 4O caso de Virgil é também surpreendente. Cego desde tenra idade, aos 50 anos tornou-se noivo de uma moça que fez o impossível para conseguir uma cirurgia que lhe proporcionasse o dom da visão. Amy, a noiva, conseguiu em parte o que pretendera. Virgil voltou a ver. Porém a sua história nos permite uma profunda reflexão sobre o "enxergar" e o "ver". Quando Virgil abriu os olhos, depois de ter sido cego por tantos anos, não havia memória visual em que apoiar sua percepção e nem mundo algum de experiência e sentido esperando-o. Ele viu, mas o que viu não tinha coerência, seu cérebro não conseguia lhe dar sentido. "Nós que nascemos com a visão", diz o autor, "jamais poderemos imaginar tal confusão". Sacks caminha por toda a trajetória de sofrimento de Virgil na experiência de ver e não ver e nas frustrações de sua mulher Amy e conclui: "viu-se entre dois mundos, exilado em ambos — um tormento ao qual não parecia ser possível escapar. Mas aí veio a libertação, na forma de uma segunda e derradeira cegueira — uma cegueira que ele recebeu como dádiva. Agora, por fim, a Virgil é permitido não ver, escapar do mundo ofuscante e atordoante da visão e do espaço, para retornar a seu próprio e verdadeiro ser, o mundo íntimo e concentrado de todos os outros sentidos que havia sido seu lar em quase 50 anos" (pág. 164).Caso 5Outro caso interessante narrado por Sacks é o do artista plástico Franco Magnani que exilou-se, quando jovem, de sua terra natal, Pontito, pequena cidade da Toscana, na Itália, por ocasião da guerra. Denominado "Artista da Memória" Magnani tem uma capacidade obsessiva, fotográfica e infinita de retratar sua cidade (apenas ela), sob todos os ângulos, de forma recordatória e imaginativa. Este artista eidético (Memória eidética, popularmente conhecida como Memória fotográfica, é a capacidade de se lembrar de coisas vistas, com um nível de detalhe perfeito), conforme Sacks, é ao mesmo tempo vítima e possuidor de um repertório de imagens, cujo poder é difícil conceber. Ele não está livre para ter equívocos de memória e nem para deixar de lembrar. Trata-se de uma memória patológica, com um poder de fixação, de fossilização ou de petrificação em plena atividade, marcada porém por uma responsabilidade cultural de recordar o passado e preservar seu sentido. Sacks, que acompanhou Magnani de São Francisco (onde vive e pinta compulsivamente) a Pontito, observando todas as suas ações e reações, conclui que se trata de um ser humano em profundo vazio interior. Situação essa criada pela guerra e pelo exílio, onde a arte da pintura transformou-se num espaço externo de enumeração e recriação infinitas de um berço ao mesmo tempo idealizado e preservado. Todo esse entusiasmo inesgotável está a serviço de um projeto sem fim, porém sem introspecção e profundidade para além dele mesmo. Caso 6A penúltima história analisada por Sacks é a do autista Stephen Wiltshire, um garoto com prodigiosa capacidade de desenhar paisagens, ruas, edifícios, igrejas, castelos etc. Falando dos idiots savants o autor menciona que não se trata apenas de um sábio, mas de um prodígio. Nascido em Londres, filho de um funcionário da Companhia de Trânsito, pobre, esse rapaz hoje completa 22 anos. Depois de diagnosticado seu autismo, teve a felicidade de encontrar a compreensão de um professor e vários incentivadores que souberam valorizar mais seu talento que suas deficiências. E assim conseguiu se projetar, ter suas obras premiadas, suas capacidades estimuladas e ser hoje reconhecido como gênio. Desenvolveu também profundas habilidades musicais. Depois de acompanhar os passos, as reações, as vivências do talento no paradoxo das deficiências de Stephen, Oliver concluiu: "suas limitações, paradoxalmente podem servir como forças também. Sua visão é valiosa, ao que me parece, precisamente por transmitir um ponto de vista maravilhosamente direto e não conceitualizado do mundo. Stephen pode ser limitado, esquisito, idiossincrático, autista; mas lhe foi permitido alcançar o que poucos de nós conseguimos, uma significante representação e investigação do mundo" (pág. 251). Caso 7Oliver Sacks termina sua obra com a história de Temple Grandin, a autista que lhe forneceu o título de seu trabalho. Professora da Colorado State University, gerente de seus próprios negócios, pesquisadora e conferêncista de renome, ela surpreende pela capacidade reflexiva sobre a problemática do autismo, mas sobretudo pela inteligência prática, pelo talento técnico, pelo forte poder de introspecção e relato. Mas seu poder essencial está na profunda sensibilidade para com o mundo animal e para a essencialidade do afeto e da compreensão dos sentimentos do gado bovino e suíno. Temple surpreendeu a todos, numa recente palestra quando disse: "se pudesse estalar os dedos e deixar de ser autista, não o faria — porque então eu não seria mais eu. O autismo é parte do que sou". E Sacks acrescenta: "É porque Temple acredita que o autismo possa ser associado com algo de valor que fica alarmada com a idéia de erradicá-lo (pág. 297).Todos os sete relatos de Oliver Sacks são sobre pessoas reais que vivem hoje. No entanto, o mundo do senso comum, mas também da medicina moderna tende a confiná-los num texto sobre patologia. O que se torna comovente no livro de Sacks é a sua capacidade de colocar nossos preconceitos de ponta-cabeça, primeiro, valorizando o diferente; segundo, invertendo a relação de estranheza; e, em terceiro lugar, lançando novo olhar sobre o complexo e polissêmico mundo da saúde e da doença. Conforme afirma no prefácio do livro: "a imaginação da natureza é mais rica que a nossa; para mim, como médico, a riqueza da natureza deve ser estudada no fenômeno da saúde e das doenças, nas infinitas formas de adaptação individual com que organismos humanos, as pessoas, se reconstróem diante dos desafios e vicissitudes da vicia" (pág. 16).Em outras palavras, Sacks quer mostrar que os distúrbios e as doenças podem ter um papel paradoxal de revelar poderes latentes, evolução e formas de vida que nunca seriam imaginados na ausência desses males.Nesse sentido, a doença tem um poder criativo. Se por um lado, destrói caminhos precisos, força o sistema nervoso a buscar inesperados crescimentos e evolução.Por isso, diz o autor, "sou levado a pensar se não seria necessário redefinir os conceitos de saúde/doença para vê-los em termos da capacidade do organismo de criar uma nova organização e ordem, adequada à sua disposição especial, e modificada segundo suas necessidades, mais do que em termos de uma 'norma' rigidamente definida" (pag. 18).Ou seja, se a enfermidade geralmente corresponde a uma contração da vida, isso não é uma fatalidade, e quaisquer que sejam os problemas, as pessoas buscam a vida, não apenas a despeito de suas condições, mas por causa delas e até mesmo com sua ajuda.Assim, a reflexão de Oliver Sacks vem a ser de imensa importância para todos os que trabalhamos no campo da Saúde. Sobretudo porque, sem grandes pretensões de ser um antropólogo em terra estranha, ele sinaliza aos que lidam nesse campo, para a necessidade de ultrapassar à mera tipificação de casos, procedimento tão presente na Clínica e na Epidemiologia, para se chegar ao mundo próprio e vivencial das pessoas. "O estudo da doença exige o estudo da identidade, os mundos interiores que os pacientes criam sob o impulso da doença. Mas a realidade dos pacientes, as formas como eles e seus cérebros constróem seu próprio mundo, não podem ser totalmente compreendidas pela observação do comportamento exterior" (ibid.).E Sacks comenta Chesterston, através de seu detetive espiritual, quando diz: "quando um cientista fala de um tipo ou de um caso, nunca está se referindo a si mesmo, mas a seu vizinho, provavelmente mais pobre" (pág. 19).

Por compreender tudo isso, Oliver Sacks, um neurologista, tirou o jaleco branco e desertou do hospital e do laboratório, para pesquisar-compartilhar a vida de seus pacientes, como um neuroantropólogo em trabalho de campo, em visita às fronteiras distantes da experiência humana.A neurologia e os estudos do cérebro hoje se tornaram áreas de ponta no campo do conhecimento. Sua contribuição para a visão mais ampliada de saúde não se discute. No entanto, causa admiração pensar que, na época do enaltecimento inconteste dos equipamentos e tecnologias de alto custo, o autor passe a exercitar sua reflexão e sabedoria no amplo laboratório da própria vida, onde a existência surpreende a cada dia, e da qual nunca sabemos o suficiente para nos tornarmos Ph.Ds. na promoção da saúde.


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81231996000100157

Resumo - A Escola Com Que Sempre Sonhei Sem Imaginar Que Pudesse Existir


Resumo - A Escola Com Que Sempre Sonhei Sem Imaginar Que Pudesse Existir

Um sonho impossível? 

No livro “A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir”, lançado pela Editora Papirus no ano de 2012, o psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro Rubem Alves, nos apresenta através de seis crônicas a Escola da Ponte, situada em Portugal. Publicados entre os meses de maio e junho de 2000 no jornal Correio Popular de Campinas, os textos narram a experiência do escritor que na Escola da Ponte encontrou a resposta para seus anseios educacionais. Possuidora de uma prática pedagógica totalmente inovadora que tem como foco principal os seus alunos e suas necessidades, a Ponte realiza novas experiências e aprendizados de maneira que a relação entre docentes e discentes seja reavaliada e trabalhada considerando ambas as partes como fundamentais. Ou seja, não há a figura do professor enquanto detentor do saber, estereótipo da prática tradicional, mas, os saberes são compartilhados através de experiências reais, visto que, para a escola da Ponte, mais que aprender saberes, as crianças estão aprendendo valores, os mestres estão a serviço dos aprendizes e não os aprendizes a serviço dos mestres. Tal posicionamento faz com que os alunos sintam-se motivados a aprender, participando efetivamente desse processo e realizando novas descobertas. Rubem Alves compara o modo de produção em massa das linhas de montagem com o ensino nas nossas escolas, e chama esses modelos escolares de fábricas, organizados para a produção de unidades biopsicológicas. Após tecer essa crítica ao sistema escolar, Alves argumenta que o ideal seria que o ensino fosse visto como os modelos de arte medieval, em que cada artista, artesão, aprendiz, desempenhava uma função única, que nunca mais se repetiria, isto é, cada objeto contendo sua particularidade de acordo com o trabalho do artista. 

Além do olhar primoroso de Rubem Alves, o livro também conta com crônicas de Fernando Alves, um texto elaborado coletivamente pelos profissionais de educação da Ponte em que eles evocam e comentam a visita e as crônicas do escritor brasileiro. Há também um testemunho confessional, em forma de diário, do consultor do Centro de Formação (Pedro Barbas Albuquerque), e ainda uma transcrição de uma entrevista sobre a Escola da Ponte concedida por José Pacheco ao portal brasileiro Educacional. 
Em “A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir”, o leitor mergulha em uma realidade transformada pelo simples prazer de aprender e não se prender à memória, levando-nos a despertar o senso reflexivo conduzindo-nos a buscar inovar o ensino, considerando a importância do indivíduo sem perder de foco a coletividade. 
De acordo com Rubem Alves, a memória nos torna prisioneiros do passado e não nos deixa perceber essa “eterna novidade do Mundo”, esse livro, por sua vez, apresenta-nos uma maravilhosa proposta de desprendimento dos paradigmas tradicionais e permite ao leitor vislumbrar um modelo inovador visando um resultado mais eficaz no que concerne ao ensino. O livro é recomendado para estudantes, professores e para todos aqueles que não se reveem no modelo totalitário de sociedade que nos rege e que ainda não desistiram de sonhar com um mundo melhor, por uma sociedade mais igualitária, em que as diferenças sejam vistas como qualidades e não como fatores primordiais nos julgamentos que o homem tende a realizar sobre caráter, ou seja, para todos aqueles que não acreditam que uma história como a da Ponte é apenas um sonho impossível, e sim, uma realidade que cabe a todos nós construir.



https://www.skoob.com.br/livro/resenhas/11048/edicao:12346
Alan Ventura11/09/2016

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Resumo - O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu


Sacks, Oliver W., 1933. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e outras histórias clínicas. Tradução: Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

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Em “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu”, Sacks relata sobre diversos casos clínicos de seus pacientes que tiveram lesões ou um mau funcionamento do cérebro, em especial do hemisfério direito, isso porque ele fala que as síndromes desse lado do cérebro são menos distintas e perceptíveis do que os danos ocorridos no hemisfério esquerdo, já que as síndromes do hemisfério direito estão mais relacionadas com os distúrbios neurológicos que afetam a essência do indivíduo e sua sensibilidade emocional e psicológica. E é dessa relação que ele destaca no livro, síndromes que poderiam ser consideradas como uma patologia fisiológica no cérebro e, como tal, ser diagnosticada e tratada, quando possível, pela medicina como uma deficiência cerebral do sujeito, porém para Sacks, esses distúrbios são mais que isso, não são apenas patologias de um sujeito sem nome, mas sim histórias de pessoas que tiveram suas vidas totalmente modificadas por um distúrbio no cérebro. Para ele, não basta somente diagnosticar o caso, o importante entre a relação médico-paciente é “entender” como se processa esse distúrbio, e isso só é possível quando o médico acompanha de forma mais expressiva o cotidiano do paciente, investigando as causas aparentes e evolução desse distúrbio no mesmo. Conforme Sacks, infelizmente na atualidade vivemos um paradoxo, tendo uma medicina avançada tecnologicamente podendo mapear cada centímetro do nosso corpo, até mesmo do cérebro, reconhecendo onde está alojado cada enfermidade ou distúrbio na fisiologia do indivíduo, mas essa mesma medicina não o integra como pessoa, não consegue interagir com esse indivíduo como uma pessoa única que tem um nome, uma vida que está relacionada a essa patologia, e não somente um corpo dissecado pela ciência para analisar suas partes. Assim, temos na primeira partePerdas”, que são as histórias de pacientes com lesão ou mau funcionamento das áreas gnósicas(interpretação dos impulsos sensitivos) do cérebro que refletem em perdas das funções de interpretação do indivíduo, como no capítulo do Homem que Confundiu sua Mulher com o Chapéu que deu origem ao nome do livro, que lesou as áreas de memória visual e partes da área visual e não reconhece mais pessoas, lugares ou objetos, somente entende as formas abstratas e geométricas sem conseguir relaciona-las com suas memórias, o que nos permite dar sentido e emoção as coisas. Ou ainda, como no capítulo da Mulher Desencarnada que perdeu a capacidade de sentir todo o seu esquema corporal e se sente sem corpo, sem conseguir se relacionar com ele. Na segunda parte, “Excessos”, são relatados os casos de pessoas que por um desequilíbrio ou lesão do cérebro passaram a exercer com exagero algumas funções, como no caso do paciente com Síndrome de Tourette com distúrbios que o levam a excitação das emoções e paixões em demasia, fazendo com que sinta raiva demais, alegria demais, exaltações que não consegue controlar normalmente, vivendo sempre no excesso de suas emoções. terceira parte, “Transportes”, vamos conhecer casos de pessoas com anormalidades nos lobos temporais e sistema límbico do cérebro que os transportam através de suas memórias e imagens mentais para infância ou no mundo dos sonhos, como uma senhora um pouco surda e que passou a ouvir uma sinfonia particular constante no seu íntimo, do seu idioma natal, reminiscências de uma infância perdida e que não tinha acesso por bloqueios psíquicos, o que possibilitou á ela um resgate inestimável de um período de sua vida que achava não possuir. E, na última e quarta parte, Sacks relata casos de pacientes com deficiência mental, a qual chama “O Mundo dos Simples”, e nos traz um universo maravilhoso de possibilidades, de pessoas consideradas incapacitadas socialmente e, no entanto, apresentam habilidades extraordinárias em outras áreas que não intelectual como, na música, pintura e no teatro. A cada caso, ele apresenta um paciente com uma habilidade específica e que nos deslumbra e emociona ao mesmo tempo, pois constatamos como o ser humano é único, maravilhoso e complexo. O livro foi distribuído didaticamente por quatro partes, tendo cada uma os relatos de histórias de pacientes com distúrbios em comum, deixando o leitor a cada parte lida, estimulado e curioso para saber o que virá á seguir. Dessa forma também, fica mais claro o entendimento sobre as consequências desses distúrbios para os leigos por estarem agrupados dentro de uma mesma linha de raciocínio, o que nos permite uma análise e reflexão maior dos casos e como ainda se tem muito a aprender dessa máquina maravilhosa chamada cérebro, mas o que Sacks deixa claro nesse livro é a ligação desse fascinante órgão não só com o seu corpo e suas funções, como também, ou muito mais, com todo o seu campo emotivo e subjetivo que envolve esse ser humano. 

Luzinete 24/05/2012
 www, skoob.com.br

O cientista e neurologista Oliver Sacks é também um excelente narrador, dono do raro poder de compartilhar com o leitor leigo certos mundos que de outro modo permaneceriam desconhecidos ou restritos aos especialistas. Em “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” estamos diante de pacientes que, imersos num mundo de sonhos e deficiências cerebrais, preservam sua imaginação e constroem uma identidade moral própria. Aqui, relatos clínicos são intencionalmente transformados em artefatos literários, mostrando que somente a forma narrativa restitui à abstração da doença uma feição humana, desvelando novas realidades para a investigação científica e problematizando os limites entre o físico e o psíquico. O que sabemos é que ao se fecharem as janelas químicas, outro despertar aconteceu. O espírito humano é mais forte que qualquer remédio. E é isso que precisa ser alimentado por meio do trabalho, lazer, da amizade e da família. Isso é o que importa. Foi disso que nos esquecemos. Das coisas mais simples. – Oliver SacksSe você me perguntar qual foi o melhor livro que li nesse ano até o momento, eu vou pensar muito! Motivo: Eu vou querer muito citar O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu de Oliver Sacks como meu preferido. Pois esse livro mudou muito a forma com que eu pensava sobre algumas coisas e principalmente, me lembrou algo que eu teimo em tentar esconder: Eu amo a ciência. Eu sou de exatas e não sei qual é o motivo pelo qual as humanas tentam me trazer pro clubinho. Só sei que o que habita o meu coração são as exatas. ? (disse a menina que passou em física, tentou engenharia de bioprocessos e biotecnologia e ficou orgulhosa do irmão quando ele falou que escolheu matemática industrial como curso para tentar vestibular. Fazia muito tempo que eu queria ler algum livro do Oliver Sacks. O Átila e o pessoal do Nerdcast falavam tanto sobre os livros dele nos podcasts de ciência que eu era obrigada a ler alguma coisa dele. Então, para começar, eu escolhi o clássico: “O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu” publicado pela editora Companhia das Letras. Que na minha opinião, tem a melhor edição do livro.

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Não estamos falando de um romance, mas ao mesmo tempo o livro mais conhecido de Oliver Sacks não deixa de ser um clássico. Trazendo a ciência de uma forma mais clara e simples, com uma linguagem mais fácil de ser compreendida pelo grande público ele se consagra por desmistificar uma informação que muitas vezes é prioridade de poucos. Conhecer ainda mais sobre doenças que afligem toda uma população e não apenas parte dela é algo louvável. Afinal, todo mundo corre o risco de ter uma das patologias citadas por Sacks durante o livro.

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O livro é quase separado em “contos”.Ele relata vários casos clínicos de pessoas com danos no hemisfério direito do cérebro. Oliver conta as histórias de como descobriu que o paciente sofria daquele caso específico e como era a vivência do mesmo.“Na maior parte dos casos, as alucinações não são evidência de loucura. Quando emoções extremas estão envolvidas, qualquer um pode alucinar” – Oliver Sacks 


Este é um livro que provavelmente você nunca vai se arrepender de ter lido. Ele consegue trazer tantos questionamentos e clarezas para a sua vida que não importa se você é apenas um leigo apaixonado pelo assunto ou um profissional graduado. Oliver Sacks vai conseguir te prender e seduzir com essas histórias com uma boa escrita, narrativa e conhecimento sobre o assunto.
Eu já disse antes, mas continuo afirmando: a edição da Editora Companhia das Letras é a mais bonita (que eu já vi) desse livro. Vale a pena pelo efeito da jacket de plástico com o título do livro. É um amor.  Agora… boa leitura!


Anna Schermak 
http://pausaparaumcafe.com.br/resenha-o-homem-que-confundiu-sua-mulher-com-um-chapeu-de-oliver-sacks-cialetras/

Os mistérios da mente humana
Marcus20/07/2015


Se ser "normal" já é tão difícil, um acidente ou disfunção mental pode tornar tudo muito complicado para o paciente e as pessoas que o cercam. Mas pode ser, também, que o paciente nem sequer tenha consciência de ser "diferente". E, afinal, o que é ser "normal"? Esse é o tema do neurologista inglês Oliver Sacks em O homem que confundiu sua mulher com um chapéu - e outras histórias clínicas. Lançado em 1985, o livro reúne 24 ensaios sobre casos de perda parcial ou total da memória e problemas mentais como o autismo. 

Os casos são desconcertantes, como a da mulher de 27 anos e dois filhos que perdeu a consciência do próprio corpo: se estivesse sentada e fechasse os olhos, caía da cadeira. Só conseguia se mover com segurança se estivesse olhando para os pés ou para as mãos. Não tinha a capacidade de perceber o próprio corpo, sua localização no espaço, a posição de cada parte em relação às outras. Perdera a propriocepção.Sem ser sensacionalista ou cair na armadilha do psiquismo, Sacks relata as histórias e tratamentos de pacientes que passaram por seu consultório. Como o caso da mulher de 89 anos que passou a viver uma euforia com a vida, e foi diagnosticada com "a doença do cupido", manifestação de sífilis neurológica contraída 60 anos antes. Ela pede para não ser curada, pois está feliz. "Investigamos os problemas físicos e mentais de nossos pacientes, não os seus talentos", comenta o autor no caso da moça alienada criada pela avó. Após a morte de sua tutora, quando tudo poderia dar errado, a jovem já em tratamento se revela excelente atriz de teatro.O neurologista e autor vive nos EUA há muitos anos. Além de grande médico e pesquisador, é excelente escritor; transforma as histórias clínicas não em curiosidades mórbidas, mas em relatos tocantes que, muitas vezes, questionam a própria ciência e instigam a reflexão. De sua vasta obra, li e recomendo muito também Um antropólogo em Marte, de 1995, que reúne mais casos clínicos extraordinários e contribui para demolir preconceitos. Você pode precisar confiar sua vida a um cirurgião, e gostaria que ele fosse um dos melhores, certo? E se soubesse que ele sofre de uma síndrome que o acomete de tiques mentais e físicos?A obra de Sacks vem inspirando roteiristas e adaptações para o cinema. Tempo de despertar (1990), com Robin Williams e Robert De Niro, foi adaptado de seu livro lançado em 1997 que tem o mesmo título em português.Oliver Sacks, que completou 82 anos de idade em 9 de julho, recebeu no começo deste ano a notícia de que tem apenas alguns meses de vida. Sofre com a metástase de um câncer em estágio avançado no fígado. Em 19 de fevereiro, publicou um artigo de despedida no jornal The New York Times, em que admite sentir medo, mas afirma que seu maior sentimento é de gratidão:"Sinto-me intensamente vivo, e quero e espero, no tempo que me resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus aos que amo, escrever mais, viajar, se eu tiver forças, alcançar novos níveis de compreensão e entendimento."Vale conferir a bela homenagem a Oliver Sacks feita por Maria Popova em seu site Brain Pickings.

site: www.blogbeatnik.blogspot.com

Videos que falam do Livro:







Resumo Pinóquio às Avessas


Resumo Pinóquio às Avessas

A obra literária de Rubens Alves “Pinóquio às Avessas” me pós a refletir sobre a minha educação, cujo retrata sobre uma realidade atual, onde a educação infantil se baseia apenas naquilo que é definido e considerado necessário para a aprendizagem da criança até a fase adulta para que assim possa ingressar no mercado de trabalho. O autor nos monstra quanto nossa educação, foi uma educação tradicional, conservadora do sistema educacional, limitadas apenas naquilo que deveríamos aprender, aponto de nos impedir que ampliássemos nossos horizontes. Evidentemente para narrar à história o autor inicia contando a estória de um garotinho chamado Pinóquio, um garotinho de carne e osso que não ia para escola se tornou um burrinho que tinha orelhas e um rabinho. Pinóquio era um garoto que adorava brincar que fugia da escola para brincar, no qual o pai de Felipe conta a sua estória para o garotinho na cama, que também acima de tudo era um garotinho que adorava brincar, mas que sempre demonstrava em ser um garotinho muito curioso, que sempre perguntava as coisas a seus pais, sobre certa curiosidade despertada. E quando os pais não sabiam a resposta diziam o seguinte questionamento: na escola de tudo você aprenderá, no tocante âmbito de destacar que a escola era dona do saber, do saber verdadeiro que se tem que aprender ao qual tudo se passa por uma educação meramente tradicional, voltadas a estudos seletivos postos nas disciplinas, onde a criança aprende o aquele conteúdo a ser decorado ministrado pelo professor. Em presença disso, é importante mencionar que esta obra literária é uma dedicada à criança, porem não é uma obra indicada para leitura das crianças, mais sim é uma obra literária indicada para que os professores e pais das crianças leiam no tocante ao objetivo de fazê-los refletir sobre a educação de seus alunos e de seus filhos. Na leitura o autor apresenta uma linguagem simples, clara e sucinta com ilustrações de imagens que as torna a leitura mais instigante, cujo nos fazem sermos co-autor da estória recontada, onde autor pega emprestado o cebolinha e os pais de cebolinha ao autor Maurício de Sousa para ilustrar de mentirinha os personagem representado na estória. 

Thaise.SonAria10/05/2017

É preciso ir à escola para se tornar um ser pensante, com conteúdo, crítico e criativo? Será mesmo que a escola ensina tudo que é preciso, e detêm o conhecimento legítimo?Perguntas como essas suscitam no desenrolar do livro, e nos faz pensar sobre os ensinamentos que a escola tradicional proporciona aos alunos, legitimando o conhecimento que acreditam ser importante, e que muitas vezes faz com que as crianças se sintam excluídas desse sistema, logo nos anos iniciais do ensino.É isso que o livro vai tratar, expor, questionar, e enfatizar. Logo no início do livro, o autor conta sobre os motivos que o levaram a escrever essa história, e destaca que seus questionamentos sobre os contos de fadas o levaram a escrita desse livro. "A estória do Pinóquio, me parece, ensina que as crianças nascem de pau, e só depois de passarem pela escola, ficam crianças de verdade. Se não passarem pela escola, correm o risco de se tornar jumentinhos, com rabo e orelha de burro, , além de zurrar".O livro conta a história de um garoto curioso, que tudo pergunta e quer saber, e sempre escuta dos seus pais a seguinte resposta: "na escola você aprenderá". Felipe é apaixonado por pássaros, e acredita que na escola aprenderá tudo sobre eles. Felipe acredita que a escola deve ser um lugar maravilhoso, e que indo a escola, todas as suas dúvidas serão esclarecidas. Chegando a escola ele descobre que não se pode aprender sobre tudo, somente o que está no "planejamento", porque é esse conteúdo que ele irá precisar para passar no vestibular e se tornar um profissional.Após viver a experiência de ir a escola, Felipe vai se tornando um menino de pau, e justamente por isso ocorre o avesso da história.O livro nos faz pensar e refletir sobre o papel do professor, e sobre a capacidade que este tem de criar sonhos, bem como miná-los. Nos leva a refletir sobre o papel da escola, e dos pais, e a urgência em considerar o potencial de cada criança individualmente, sem comparações, pois cada criança tem uma forma de aprender, de ver o mundo, as coisas, pois cada criança é única. 

Cibelle Alonso23/11/2013


site: http://meublogdeleitura-cibelle.blogspot.com.br/2013/10/pinoquio-as-avessas.html






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