Resumo - A Escola Com Que Sempre Sonhei Sem Imaginar Que Pudesse Existir
Um sonho impossível?
No livro “A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir”, lançado pela Editora Papirus no ano de 2012, o psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro Rubem Alves, nos apresenta através de seis crônicas a Escola da Ponte, situada em Portugal. Publicados entre os meses de maio e junho de 2000 no jornal Correio Popular de Campinas, os textos narram a experiência do escritor que na Escola da Ponte encontrou a resposta para seus anseios educacionais. Possuidora de uma prática pedagógica totalmente inovadora que tem como foco principal os seus alunos e suas necessidades, a Ponte realiza novas experiências e aprendizados de maneira que a relação entre docentes e discentes seja reavaliada e trabalhada considerando ambas as partes como fundamentais. Ou seja, não há a figura do professor enquanto detentor do saber, estereótipo da prática tradicional, mas, os saberes são compartilhados através de experiências reais, visto que, para a escola da Ponte, mais que aprender saberes, as crianças estão aprendendo valores, os mestres estão a serviço dos aprendizes e não os aprendizes a serviço dos mestres. Tal posicionamento faz com que os alunos sintam-se motivados a aprender, participando efetivamente desse processo e realizando novas descobertas. Rubem Alves compara o modo de produção em massa das linhas de montagem com o ensino nas nossas escolas, e chama esses modelos escolares de fábricas, organizados para a produção de unidades biopsicológicas. Após tecer essa crítica ao sistema escolar, Alves argumenta que o ideal seria que o ensino fosse visto como os modelos de arte medieval, em que cada artista, artesão, aprendiz, desempenhava uma função única, que nunca mais se repetiria, isto é, cada objeto contendo sua particularidade de acordo com o trabalho do artista.
Além do olhar primoroso de Rubem Alves, o livro também conta com crônicas de Fernando Alves, um texto elaborado coletivamente pelos profissionais de educação da Ponte em que eles evocam e comentam a visita e as crônicas do escritor brasileiro. Há também um testemunho confessional, em forma de diário, do consultor do Centro de Formação (Pedro Barbas Albuquerque), e ainda uma transcrição de uma entrevista sobre a Escola da Ponte concedida por José Pacheco ao portal brasileiro Educacional.
Em “A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir”, o leitor mergulha em uma realidade transformada pelo simples prazer de aprender e não se prender à memória, levando-nos a despertar o senso reflexivo conduzindo-nos a buscar inovar o ensino, considerando a importância do indivíduo sem perder de foco a coletividade.
De acordo com Rubem Alves, a memória nos torna prisioneiros do passado e não nos deixa perceber essa “eterna novidade do Mundo”, esse livro, por sua vez, apresenta-nos uma maravilhosa proposta de desprendimento dos paradigmas tradicionais e permite ao leitor vislumbrar um modelo inovador visando um resultado mais eficaz no que concerne ao ensino. O livro é recomendado para estudantes, professores e para todos aqueles que não se reveem no modelo totalitário de sociedade que nos rege e que ainda não desistiram de sonhar com um mundo melhor, por uma sociedade mais igualitária, em que as diferenças sejam vistas como qualidades e não como fatores primordiais nos julgamentos que o homem tende a realizar sobre caráter, ou seja, para todos aqueles que não acreditam que uma história como a da Ponte é apenas um sonho impossível, e sim, uma realidade que cabe a todos nós construir.
https://www.skoob.com.br/livro/resenhas/11048/edicao:12346
Alan Ventura11/09/2016
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